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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Mrs. Dalloway - Virginia Woolf



Mrs. Dalloway, livro de Virginia Woolf, publicado pela primeira vez em 14 de maio de 1925; é centrado em um único dia. 

"Mrs. Dalloway disse que ela própria iria comprar as flores." 

Aí está a primeira frase do romance, que vem a tratar dos preparativos e da efetiva realização de uma festa. 
Entre os afazeres necessários a recepção, antigas lembranças e os acontecimentos do próprio dia, desfilam os personagens que, fisicamente ou como assunto, farão parte da festa.
     
O que interessa à Virginia, o que move o romance, são as pessoas em si mesmas; suas emoções, seus flagelos, expectativas, temores, contradições e tudo o mais que há de genuinamente humano. 


"Mas, dentre o grupo, era só de Clarissa que a gente se lembrava. Não que fosse impressionante; bonita, não era; nem tinha nada de original; nunca dizia coisas dignas de nota; mas estava ali; e isso era tudo."

Importam à Virginia o indivíduo na sociedade e vice-versa. Importam o peso e a leveza da vida para uns e outros. 

"Mas o sol ainda aquecia. A vida ainda tinha um jeito de adicionar um dia a outro dia".
 
     "Mas em suma, viver, ou não viver, não é um assunto particular?" 

Religião, convenções e regras sociais, são sempre colocadas em xeque. 

"Assim fora evoluindo para essa religião dos ateus, de fazer o bem pelo próprio bem." 

"Embora duas vezes mais inteligente que o marido, via as coisas pelos olhos deste - Uma das tragédias da vida conjugal". 


"Nada que se notasse, afinal; nenhuma cena, nenhum ruído; apenas o moroso afundamento, o lento naufrágio da sua vontade na dele. 


Os vilões mais facilmente identificáveis são os médicos, especialmente os psiquiatras. Muito provavelmente uma forma de vingança, uma vez que, a partir da repentina morte da mãe, quando tinha então treze anos; Virginia, devido as crises nervosas que, de forma progressiva lhe acompanharam por toda a vida, submetia-se a tratamentos prescritos por tais profissionais. Todavia, não tão passivamente quanto eles desejariam. 


     "Mas havia também os que eram poetas e pensadores. Suponhamos que ele tivera essa paixão e fora consultar Sir William Bradshaw, um grande médico, mas para ela obscuramente maléfico, sem sexo nem desejo, extremamente atencioso para com as mulheres, mas capaz de algum indescritível ultraje -- violar a nossa alma, por exemplo --, se esse jovem tivesse ido vê-lo e Sir William o houvesse impressionado com o seu poder, não poderia o pobre ter dito (como o sentia agora) que a vida se tornara intolerável? Pois não tornam a vida intolerável homens como aquele?". 


E assim, a vida mais uma vez copiaria a arte. Um dos personagens comete suicídio. Como o fez a autora, dezesseis anos após a publicação do livro. 

     Mrs. Dalloway - Editora Nova Fronteira
Tradução de Mário Quintana.

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