Livro: Um universo em suas mãos.


Aos Exploradores do Mais Ilimitado dos Universos.

sábado, 31 de março de 2012

Magia do Livro

Pensei, burilei e cheguei à frase “A magia do livro é em si comportar um universo”. Confirmei no Google em 30/03/2012 o seu ineditismo, pelo menos relativamente à internet e, acho que isso quer dizer o mundo todo, não é mesmo? Bem, seria preciso pesquisá-la em outras línguas, mas, com muito mal me defendo única e deficientemente no inglês, creio que não corro o menor risco de estar plagiando alguém, ou citando frases alheias sem o devido crédito.
Um livro pode realmente comportar em si todo o universo. Nesta abrangência, estará o seu grau de magia, milagre, encantamento e prazer, nunca ligado ao número de páginas ou ao tempo compreendido em sua narrativa. Parece, e é óbvio, mas para mim, também é mágico. Como o heterônimo Alberto Caeiro, de Pessoa, “A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias. Cada coisa é o que é, e é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, e quanto isso me basta.” Se o livro tem dez, cem, mil páginas ou mais, se traz em seu contexto um breve lapso de tempo ou a trajetória de toda a humanidade, isto tem pouca ou nenhuma importância quanto ao seu grau de magia. Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez envolve sete gerações, mas este não foi o fato determinante da Obra ser considerada uma das mais importantes da literatura latinoamericana, tampouco por seu autor ter sido premiado com um Nobel da Literatura. Em contrapartida o romance Mrs Dalloway de Virginia Woolf, baseia-se todo em apenas um dia na vida da protagonista, Clarissa Dalloway, e é brilhante, é famoso, tornando-se ainda mais conhecido ao servir de base, para o escritor Michael Cunningham desenvolver o seu “As Horas”. Cunningham teve o livro premiado e adaptado para o cinema com um filme que, diga-se de passagem, também rendeu prêmios. Quanto ao número de páginas poderemos comparar volume e peso (mais uma vez “a espantosa realidade das coisas”), mas de forma alguma a qualidade, mesmo porque, na maioria das vezes serão propostas completamente diferentes. Como poderíamos comparar o “Ulisses” de James Joyce com o “Pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry senão colocando-os na balança? Literalmente. Se o fizermos, teremos um resultado físico, matemático, que, aqui não tem a menor importância, uma vez que não é o caso de escolher qual deles levaremos na mochila. Assim, tanto O Pequeno Príncipe com cerca de 90 páginas, quanto Ulisses com mais de 900, constam na lista dos 100 livros do século (passado), elaborada pelo Le Monde. É ou não é pura magia? Gabriel García Márquez e Virginia Woolf também constam na mesma lista, o primeiro com o próprio Cem Anos de Solidão e Woolf com “Um Teto Todo Seu”. Mrs Dalloway, contudo, está entre os cem melhores romances escritos em língua inglesa na lista da revista Time. Magia do Livro!